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Herança da Destruição: Rastros Irreversíveis do Governo Bolsonaro no Brasil

Publicada em: 31/07/2025 07:28 - Politica e Economia

 

Quatro anos de gestão Bolsonaro deixaram um rastro de devastação econômica, ambiental e social que ainda assombra o Brasil. Dados consolidados revelam um país mais pobre, isolado internacionalmente e com instituições fragilizadas. Na economia, a âncora fiscal prometida por Paulo Guedes desmoronou: o teto de gastos foi violado cinco vezes, somando R$ 795 bilhões em despesas acima do limite constitucional entre 2019 e 2022. A dívida pública saltou para 77% do PIB, enquanto o crescimento médio do PIB foi pífio (1,2% em 2019) e seguido de uma queda histórica de 3,3% em 2020 durante a pandemia. A inflação acumulada de 57% nos alimentos e 80% na carne corroeu o poder de compra dos brasileiros, e o salário-mínimo teve aumento real de apenas 1,14% em todo o mandato.

Na saúde, o desmonte foi estratégico. O orçamento do SUS encolheu de 15,77% para 13,54% da receita líquida, e a proposta para 2023 cortou mais R$ 22,7 bilhões do setor. O congelamento de gastos por 20 anos, aliado ao desmantelamento da atenção primária e ao fim do Mais Médicos, deixou o Brasil vulnerável à pandemia. Resultado: 700 mil mortes e um dos piores desempenhos globais no enfrentamento da covid-19, agravado pelo negacionismo presidencial e pela troca de quatro ministros em plena crise. A "política de morte", nas palavras de conselheiros de saúde, refletiu-se no colapso de hospitais e na fila de espera por cirurgias eletivas que persiste até hoje.  

 

O meio ambiente sofreu ataques sem precedentes. O desmatamento da Amazônia bateu recordes anuais, com uma alta de 70% nas emissões de gases estufa vinculadas à agropecuária e ao garimpo. A extinção de políticas de fiscalização, a exoneração de técnicos do IBAMA e a ruptura com o Fundo Amazônia (financiado por Noruega e Alemanha) transformaram o Brasil em pária ambiental. A imagem de Bolsonaro isolado no bufê do G20, em 2021, simbolizou o ostracismo internacional. Para diplomatas como Rubens Ricupero, parte desse dano é "irreversível": o país perdeu décadas de credibilidade construída sobre proteção climática e direitos indígenas.  

 

Na política externa, a ideologia anulou o pragmatismo histórico. A nomeação do antiglobalista Ernesto Araújo para o Itamaraty gerou atritos com China, União Europeia e vizinhos latino-americanos. Bolsonaro alienou parceiros estratégicos ao defender a transferência da embaixada em Israel para Jerusalém, atacar o governo argentino e adotar o discurso trumpista. O acordo Mercosul-UE ficou congelado, e o Brasil abandonou seu papel de mediador global — como no Acordo Nuclear com o Irã — para se alinhar a governos autoritários como Hungria e Rússia.  

 

O custo social é a face mais cruel dessa herança. Dez milhões de brasileiros ingressaram na extrema pobreza, totalizando 39 milhões de pessoas. O rendimento médio real despencou para R$ 2.265 em 2021, o menor valor desde 2012, e o país retornou ao Mapa da Fome da ONU após uma década. A flexibilização das leis trabalhistas ampliou a informalidade: 13,2 milhões sem carteira assinada em 2022, maior número em 10 anos.  

 

Reerguer o Brasil exigirá mais que uma troca de governo. Exige reconstruir instituições, reverter o colapso ambiental e reparar o tecido social rasgado por um projeto que, nas palavras de economistas, "nos devolveu 40 anos em 4" . O prejuízo, em grande parte, já é eterno.

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