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Ausência de Agências Bancárias Públicas e o Desafio à Agricultura Familiar e à Agroecologia no Mato Grosso do Sul

Publicada em: 09/02/2025 14:51 - Politica e Economia

O Mato Grosso do Sul, uma região de riqueza natural inigualável e solo fértil que sustenta parte significativa da produção agrícola brasileira, enfrenta um paradoxo: enquanto a economia sustenta-se em grande medida na agricultura, as políticas públicas financeiras não acompanham as necessidades dos pequenos produtores e das práticas agroecológicas. A ausência de agências bancárias da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil, especializadas em Agricultura Familiar e Agroecologia, com linhas de financiamento específicas para a agricultura familiar e a agroecologia é um problema estrutural que compromete o desenvolvimento sustentável do estado, amplia desigualdades e perpetua modelos produtivos insustentáveis.

Perspectiva Multidisciplinar sobre o Problema

A agricultura familiar responde por mais de 70% dos alimentos consumidos diretamente pela população brasileira, segundo dados do IBGE. No entanto, os pequenos produtores enfrentam barreiras estruturais, como acesso limitado ao crédito, dificuldade de comercialização e falta de infraestrutura. A ausência de agências públicas com linhas de crédito acessíveis no Mato Grosso do Sul reforça a dependência desses agricultores de intermediários e sistemas financeiros privados, que frequentemente impõem juros abusivos. Isso cria um ciclo vicioso de endividamento e marginalização econômica.

A Filosofia nos ensina que a justiça social deve ser o alicerce de qualquer sociedade digna. Negar aos pequenos agricultores acesso a instrumentos financeiros que lhes permitam prosperar é uma violação dessa ética. O direito à terra, ao trabalho digno e à preservação do meio ambiente está intrinsecamente ligado ao direito humano à vida e à sobrevivência. Ao negligenciar essas populações, o Estado falha em cumprir seu papel de garantidor do bem comum.

Historicamente, o Mato Grosso do Sul foi moldado pelo latifúndio e pela monocultura extensiva, modelos que ainda dominam a paisagem agrícola. Essa herança colonial excluiu comunidades tradicionais e pequenos produtores, relegando-os às margens do desenvolvimento.

Geograficamente, a região apresenta uma diversidade biológica que poderia sustentar práticas agroecológicas resilientes, mas sem apoio institucional, essas iniciativas permanecem marginais. A implementação de agências bancárias públicas seria um passo crucial para corrigir essa distorção histórica e promover uma transição para modelos mais inclusivos e sustentáveis.

Relatos de campo mostram que muitos agricultores familiares no Mato Grosso do Sul viajam centenas de quilômetros em busca de linhas de crédito, enfrentando burocracias complexas e prazos exorbitantes. Esse cenário é invisibilizado pela mídia hegemônica, que prioriza narrativas sobre o agronegócio industrial. Dar visibilidade a essas demandas e pressionar por mudanças institucionais é um dever da imprensa e da sociedade civil.

A conexão entre o ser humano e a terra é profunda e ancestral. Na tradição esotérica, a terra é vista como um reflexo do cosmos interno – um espaço de cultivo tanto material quanto espiritual. Para os agricultores familiares, trabalhar a terra é uma forma de autorrealização e pertencimento. Negar-lhes condições dignas de trabalho equivale a fragmentar a identidade e o propósito. Psicologicamente, a exclusão financeira gera sentimentos de desesperança e alienação, corroendo a saúde mental dessas comunidades.

As culturas tradicionais do Mato Grosso do Sul, incluindo povos indígenas e comunidades quilombolas, possuem saberes ancestrais sobre manejo sustentável da terra. Esses conhecimentos são fundamentais para a agroecologia, mas estão ameaçados pela falta de investimento. Apoiar essas populações significa preservar a biodiversidade cultural e ambiental, fortalecendo a identidade regional.

A agroecologia baseia-se em princípios científicos robustos, como ciclos de nutrientes, conservação de energia e equilíbrio ecológico. Implementar agências bancárias que incentivem essas práticas permitirá a adoção de tecnologias sustentáveis, como sistemas de irrigação eficientes, uso racional de fertilizantes orgânicos e construção de infraestruturas resilientes às mudanças climáticas.

O modelo agroindustrial predominante no Mato Grosso do Sul contribui para a degradação ambiental, com desmatamento, erosão do solo e contaminação de recursos hídricos. A agroecologia oferece alternativas viáveis, mas carece de suporte financeiro. Instituições como a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil têm o potencial de catalisar essa transição, alinhando-se aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.

Proposta de Solução: Implementação de Agências Bancárias Públicas

1. Expansão da Rede de Agências: o governo federal deve priorizar a instalação de novas agências da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil nas regiões rurais do Mato Grosso do Sul, especialmente em municípios com alta concentração de agricultores familiares.

2. Criação de Linhas de Crédito Específicas: estas agências devem oferecer produtos financeiros adaptados às necessidades locais, como microcrédito para compra de sementes nativas, implementação de sistemas agroflorestais e construção de infraestruturas sustentáveis.

3. Capacitação Técnica e Financeira: além do crédito, é fundamental fornecer assistência técnica e capacitação aos agricultores, promovendo a adoção de práticas agroecológicas e o uso consciente dos recursos.

4. Parcerias com Movimentos Sociais: organizações como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e cooperativas locais podem atuar como parceiras estratégicas na disseminação dessas iniciativas.

5. Monitoramento e Avaliação: um sistema transparente de monitoramento deve ser implementado para garantir que os recursos cheguem aos beneficiários certos e gerem impacto positivo.

Conclusão

O Mato Grosso do Sul tem o potencial de se tornar um exemplo global de desenvolvimento rural sustentável. No entanto, isso só será possível se superarmos as barreiras que impedem o crescimento da agricultura familiar e da agroecologia. Implementar agências bancárias públicas com foco nesses setores não é apenas uma questão econômica, mas também ética, social e ambiental. É hora de unir ciência, política e humanismo para construir um futuro onde todos tenham acesso à terra, ao crédito e à dignidade. O tempo de agir é agora.

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